domingo, 3 de setembro de 2017

Cansaço e desânimo

De modo geral é muito difícil a gente fazer um diagnóstico da gente mesmo, principalmente quando se trata da nossa saúde mental; Ainda que eu seja da área, demorei muito para entender o que vinha acontecendo, mas eu sabia que alguma coisa não estava bem.
Venho sentindo um cansaço extremo há pouco mais de um ano. Sabe aquele cansaço que não melhora nem depois que a gente dorme um monte, ou descansa um final de semana inteiro? Então, era assim que eu vinha me sentindo. Passei num clínico, depois endócrino, fiz exames que não deram nenhuma alteração significativa. Achei que podia ser ausência de alguma vitamina ou alteração hormonal, mas nada foi diagnosticado. Melhorei a alimentação (por um tempo!), fui para a academia, também por alguns meses, mas nada mudou, ou pior, mudou sim, piorei muito nos últimos meses.
Pensei que podia estar deprimida, mas conheço muito bem a depressão, por diagnosticar em meus pacientes e principalmente por ter lidado com a minha própria, por mais de uma década.
Este ano tenho adoecido com uma frequência enorme e os sintomas tem sido os mais variados: tive 3 ou 4 crises alérgicas/sinusites, duas delas bem debilitantes, comecei a ter refluxo, com 2 episódios bem difíceis de superar, tive também alguns dias em que minha coluna travou e fiquei super dolorida e sem conseguir fazer quase nada.
Estou adoecendo, isso é fato. Mas comecei a pensar no que isso significa, para além do óbvio, já que é claro para mim que tenho me sentido cansada por estar há anos sem férias decentes, por ter um filho pequeno (com uma energia enorme), por ter que dar conta de tudo sozinha, casa, consultório, contas, filho...
Aí vem uma constatação ainda mais dolorosa...me sinto sozinha, muito sozinha.
Não tenho mais tempo para encontrar os amigos, quase não converso, me sinto vazia e sinto falta de trocar com pessoas. Minhas amigas reclamam da eterna falta de tempo e a gente, quando consegue se falar, tenta combinar um encontro que quase nunca acontece.
Sinto falta de um papo bobo, de tomar uma cerveja falando da vida, de sair e conhecer um lugar novo com alguém. Sinto falta do mundo externo, de entrar em um lugar que não seja da minha rotina, de falar dos meus planos de reforma do apartamento ou de reforma da vida.
A sensação que tenho é de que as pessoas estão mais sozinhas, de modo geral. Vejo um monte de gente se relacionando pelas redes sociais apenas, vejo outros se relacionando somente com a família e os colegas de trabalho, quando muito. Parece que o mundo acelerou de tal forma que a gente não tem tempo nem disposição para estar com as pessoas. Outro dia falei com uma amiga de marcarmos um churrasco aqui no prédio, mas desisti porque não consegui organizar minimamente o  que eu teria que fazer para que isso acontecesse, o que era, na prática, ver que dia toda a turma poderia, reservar o salão e fazer as compras. Em outros momentos eu organizava um churrasco de um dia para outro, sem crise. Dessa vez, resolvi poupar minhas energias e perdi a oportunidade de ter um dia feliz.
Então, além do fato de estar sozinha, esse meu cansaço crônico também merece atenção, lembrei há alguns dias da  síndrome de burnout que é basicamente um conjunto de sintomas referentes ao estresse crônico, principalmente ligado ao trabalho. Isso começou a fazer sentido desde então. Agora que as coisas estão mais claras, preciso de ajuda profissional para lidar com isso e preciso conseguir mudar a rota, para um caminho que me faça um pouco mais feliz.

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