sexta-feira, 29 de abril de 2016

Desapegar não somente do que é material

Desapegar...
Tenho feito um grande exercício nesse sentido. Nos últimos meses mergulhei numa tentativa de viver com menos, ter uma vida mais simples e tranquila e hoje percebo como é uma mudança difícil de se fazer. Difícil porque pressupõe uma mudança estrutural, de hábitos já incorporados e não refletidos e da maneira como se vê o mundo.
Entre novembro e março eu me propus a destralhar a casa. Foi um momento muito gostoso! A ideia inicial era tirar um item por dia durante o mês de dezembro (ou 7 a cada final de semana). Acabei tirando quase o dobro, foram 54 peças. Continuei o desafio em janeiro e até perdi a conta das coisas que me desfiz. Enfim, foram roupas do filhote, móveis sem uso, brinquedos quebrados e muita roupa minha. Provavelmente foram mais de 100 itens e ainda tem coisa que preciso me desfazer, como, por exemplo, utensílios de cozinha (ainda não cheguei lá!).
Até aí, beleza, eu não sou muito apegada a coisas materiais, então, me desfazer de objetos foi molezinha. A dificuldade começa quando preciso me desapegar de velhos hábitos ou de certezas que já não me servem mais.
Hoje me peguei pensando nisso no momento que fui ao banco. Na última semana fiz um grande estudo da minha situação financeira e uma das dificuldades que detectei foi o fato de ter 2 contas correntes. Fiz milhões de cálculos e cheguei a conclusão de que seria muito mais econômico manter apenas uma conta, centralizando todos os pagamentos e recebimentos ali. Acontece que o banco mais "caro" é (óbvio) aquele que me deixa mais confortável, que consigo resolver as coisas por telefone com o gerente; que me dá todas aquelas facilidades do tipo "corda pra se enforcar" sabe? e o outro banco, mais barato é um banco público, com balde aparando goteiras- literalmente!- onde passei quase duas horas com uma senha na mão, torcendo pra que o gerente pelo menos fosse gentil, além de, claro,  resolver meus problemas.
Nesse banco cheio e chovendo dentro eu quase fui embora por duas vezes enquanto esperava e observava tudo ao meu redor. Me senti empobrecida por estar ali e isso pode parecer frescura, mas sei que não era, porque minha vida quase inteira trabalhei no serviço público e lixeiras aparando goteiras não são novidades pra mim. O que senti na verdade foi uma certa vergonha por estar optando pelo menor conforto, como se eu estivesse regredindo.
É disso que venho falando: como é difícil desacostumar daquilo que parece bom, do mais glamouroso, do mais confortável, mesmo quando se sabe quem é que paga por tudo isso. E eu nem estou falando de um banco top ou uma agência prime. Estou falando da minha conta no bradesco, que por ser uma conta antiga me dá alguns privilégios... sorriso caro, cafezinho caro e taxas de juros lá nas alturas! mas tudo sem sair do ar condicionado!!!
Depois de quase ir embora, me lembrei do meu propósito... reduzir tudo o que não é importante. Ficar com o essencial e a paz de espírito... desapegar.
Ah! e pra concluir, deu tudo certo e o gerente era muito gentil!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Gentileza... um jeito novo de lidar com as angústias

Hoje cheguei para trabalhar com uma hora de folga (não tinha o primeiro atendimento).
Liguei o computador, peguei uma maçã, tomei um copo delicioso de água gelada e coloquei uma lista do spotfy. Hoje eu estava angustiada com a rotina e com minha falta de motivação nesta semana.
A playlist aleatória começou com a música "Gentileza", da Marisa Monte.
De repente me senti invadida por um bem estar danado... é isso, gentileza!
As vezes a vida só pede uma ação simples e a gente acha pouco e fica inventando um monte de coisa complicada.
Foi isso o que me faltou hoje de manhã: justamente gentileza.
Fui intolerante com a falta de colaboração do pai do meu filho e mais ainda com meu pequeno que não consegue entender ainda quais são as minhas necessidades (ele tem 3 anos!).
Preciso repensar o modo como me relaciono com a vida e com as pessoas a minha volta. Ando irritada com tudo: a política (ainda mais depois da comédia de horrores que foi aquela votação no domingo), a economia, as pessoas que querem sempre levar vantagem, a falta de grana e de tempo e de diversão.
Enfim, não me faltam motivos para irritação, mas tenho um grande motivo para o contrário também: estou viva, tenho saúde e disposição para trabalhar, tenho um filho lindo e maravilhoso, tenho como prover nossas necessidades além das básicas.
Sei que as coisas estão difíceis agora, mas sei que vai passar!

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Estou tentando fazer coisas que me ajudem a descansar

Nestas últimas semanas me senti mais estranha, menos produtiva, mais ansiosa e bem menos feliz. Comecei a me sentir desanimada, tive alguns sintomas físicos, mas por fim cheguei à conclusão de que é, apenas, cansaço, muito cansaço!!!
Venho trabalhando sem férias de verdade há vários anos. Quem é autônomo sabe, férias de verdade, de 20 ou 30 dias, somente depois de muuuito tempo e olhe lá! No meu caso, nem sei se algum dia ainda será possível, já que fica difícil deixar pacientes sem atendimento por muitas semanas.
A esta altura, duas semanas já seria muito bom, mas com essa crise toda, fica difícil investir esse dinheiro sem comprometer outras coisas.
E então, não tem solução??? Tem sim! A gente precisa ser ainda mais criativo em momentos de crise!
Vamos lá! Já que não posso viajar para nenhum lugar caro, preciso encontrar alternativas para me divertir por aqui mesmo.
Neste final de semana fizemos um pic nic no Ibirapuera e foi maravilhoso, embora não possa dizer que descansei (fazer compras, preparar as comidinhas, acordar e começar a correr pra conseguir sair dirigir até lá... aff!), mas nos divertimos e isso foi muito bom.
Outra coisa que estou me organizando para fazer são viagens curtas, no final de semana, mas isso ainda está um pouco difícil, porque continuo trabalhando no sábado de manhã, mas por mais alguns meses apenas. Noo segundo semestre (oremos!) quero sair do sábado e ficar somente de segunda a quinta. Já pensou, final de semana de 3 dias??? Maravilha!
Enquanto esse dia não chega preciso organizar passeios gostosos no nosso domingo, mais idas a parques, teatro, cinema e exposições que o filhote adora!
Resolvi dar um tempo nas idas a restaurantes, por questões financeiras e também porque estou querendo cozinhar mais no final de semana, já que meu filho agora almoça na escola e não tenho feito nada pra ele durante a semana e isso me deixa meio triste, porque gosto de cozinhar pra nós dois.
Estou testando algumas mudanças na rotina, porque resolvi que agora não se justifica mais ter faxineira, nem quinzenalmente!
Preciso criar hábitos mais saudáveis, como caminhar e ler sentada no parque.
São hábitos que não tem custo e me deixam muito feliz e relaxada. Este é o minimalismo que tanto me inspira, na prática!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Desabafo de uma mulher que não aguenta mais ser multi tarefa

A rotina está estranha, me sinto desorganizada mesmo quando faço tudo direito. Parece que a vida está desorganizada.
São quase 12h de uma segunda feira, tudo parece caótico. Estou aqui escrevendo simplesmente porque não estou aguentando viver tentando dar conta da rotina, da casa, do filho, do trabalho, das contas, dos quilos a mais, da alergia respiratória que sempre volta, da crise econômica, do medo e da incerteza quanto ao futuro! Estou triste e ansiosa, mas sei que isso tem a ver com a tpm que insiste em me visitar, agora, a cada 20 dias!
O fato (reservadas as proporçoes da tpm) é que estou cansada de dar conta de tantas coisas sozinha.
Amo meu filho demais e faria tudo exatamente igual só para tê-lo ao meu lado, mas as vezes eu só queria não ser mãe em tempo integral, queria ter uma vida independente dele. Será que é pedir demais? Sei que não é! Sei que a maioria das mulheres se sentem assim em relação aos filhos pequenos. Uma criança de 3 anos demanda muito, o tempo todo! E quando falo mãe em tempo integral não significa que não trabalho e sim que estou ligada nele mesmo quando estou trabalhando, mesmo quando chego despenteada no trabalho porque a prioridade foi cuidar dele, mesmo quando não consigo tomar um banho relaxante a noite, porque fiquei horas tentando faze-lo dormir e acabei dormindo junto, de roupa e maquiagem.
O pai, por mais que seja um pai presente, não está junto na maior parte do tempo duro, aquele horário da birra pra tomar banho, do leite derramado no sofá, da corrida pela casa na tentativa de colocar o uniforme. No final, sem entrar em discurso feminista, a maior parte da labuta sobra mesmo é para as mães. Jornada dupla???? Não! tripla, quadrupla e até mais. Caiu por terra aquela ideia que eu tinha de que meu trabalho era intelectual, então deveria terceirizar a maior parte das coisas, digamos, operacionais. Hoje, como a maioria das mulheres trabalhadoras, tenho que lavar louça, arrumar a casa, fazer comida, lavar roupa, organizar a geladeira, pensar em alimentos saudáveis, dobrar a roupa, arrumar a cama...
Não é possível separar da rotina todas essas coisas, porque tudo acontece junto e misturado. São muitos papéis sendo desempenhados simultaneamente.
As vezes é difícil chegar no consultório, ter 5 minutos pra respirar, depois atender uma outra pessoa também exausta, dizendo que não aguenta mais não ter tempo pra ela mesma e de repente, olhar pra baixo e ver que não faço a unha do pé há mais de 2 meses e que só por isso estou usando aquele sapato lindo, fechado, que é um charme só, mas que eu estaria bem mais feliz usando uma rasteirinha.
A casa hoje está um caos, só porque ontem passamos um dia lindo, fazendo pic nic no parque... tem louça na pia e bagunça pra todo lado e eu estou aqui, reclamando, porque é só o que consigo fazer nesse pouco tempo que tenho antes de ir trabalhar.
Em outros momentos eu deveria já ter cuidado da casa e estar a caminho do banho, mas hoje eu estou paralisada pela certeza de que não consigo dar conta de tudo!