domingo, 19 de julho de 2015

Minha luta para me tornar organizada

Confesso que manter a casa (e a vida) organizada não é uma tarefa fácil para mim.
Depois de muito refletir sobre os motivos disso ser tão difícil, cheguei a algumas conclusões interessantes: 
1. Eu, assim como boa parte da população, não fomos motivados para nos tornarmos organizados;
2. Minha geração, particularmente, cresceu sob o peso da luta de gêneros, porque a mulher da geração da minha mãe começou a sair de casa para trabalhar e nossa geração cresceu sabendo que mulher tinha que se profissionalizar, trabalhar fora, estudar, ter vida social e por aí vai.  Eu me tornei uma adolescente que sabia que tinha que ser mais, comecei a trabalhar cedo, estudava a noite, como a maioria das meninas da periferia, na época. Desenvolvi uma autonomia da qual me orgulho muito, aprendi a valorizar o esforço das pessoas que saem todas as manhãs, tomam ônibus e metrô lotados, ficam 10, 12 e até 14 horas fora de casa. Consegui me formar e hoje trabalho naquilo que gosto. Comprei meu primeiro apartamento antes dos 25 anos (um luxo, na época!). Nada errado com isso, muito pelo contrário, a não ser pelo fato de que criamos uma certa aversão a atividades de "mulherzinha".
3. Além desses fatores sociais, tem a experiência de dentro de casa, que faz toda a diferença. Eu venho de uma família com pouquíssimos recursos financeiros (graças a Deus, isso mudou!). Tenho 4 irmãos e morávamos em uma casa que mal cabia todo mundo. Minha mãe sempre deu um duro danado e sempre se orgulhou do quanto nossa casa era limpa. Agora, imagina dar conta disso, com 5 filhos?! Ela se tornou obsessiva por limpeza e só vivia para isso e para o trabalho. Como não conseguíamos dar conta de suas expectativas de "casa mais limpa da rua", vivia estressada e brigava por tudo. Infelizmente, ainda é assim. Com isso desenvolvi uma raiva secreta (rs) de limpar, arrumar, manter em ordem... que me acompanhou durante muitos anos. Ainda hoje odeio lavar louças ou passar um dia inteiro cuidando da casa, mas já consegui resolver muito disso em análise, sério! O fato é que algo que gera muita tensão numa família, não é saudável para ninguém e acaba tendo efeito contrário- em vez de me esforçar para fazer as coisas bem feitas, eu me esmerei em fugir de casa o máximo que pudesse, para sair do estresse e das tarefas domésticas em si.
Foi assim que cresci, não tenho como mudar meu passado, mas tenho revisto meu modo de vida e tentado me adequar, sem muito fanatismo, a uma vida mais organizada.
Nessa minha empreitada já tentei vários métodos, várias formas e fiz várias descobertas do que funciona ou não para mim.
Digo para mim, porque aprendi que aquilo que serve para uma pessoa, pode não servir para outra.
O fato é que não desenvolvi algumas características de pessoas organizadas e com isso acabo sofrendo ainda hoje. Por exemplo, eu tenho uma dificuldade enorme de colocar as coisas de volta no lugar, após usá-las. Sei que esse é um hábito que faz tooooda a diferença, mas ainda não desenvolvi tal habilidade. Outra coisa que faço muito é procrastinar. Estou há 6 meses dizendo que preciso dar uma geral nos meus sapatos e só conseguir iniciar a organização ontem.
Mas nem tudo está perdido! Já consegui reduzir muito as coisas aqui em casa. É engraçado, né? Ter poucas coisas foi algo muito importante para mim no passado, mas depois passei a comprar mais coisas e acabei tendo mais do que o necessário. Não que eu tenha me tornado uma acumuladora, mas eu passei a consumir mais do que devia e minha casa precisou passar por vários momentos de destralhamento. É estranho como a gente não percebe muito como isso vai acontecendo e quando se dá conta, tem um milhão de livros que não vai ler, milhares de revistas, eletrodomésticos, roupas, brinquedo, sapatos, objetos decorativos que não decoram mais nada e mais um monte de coisas sem sentido. Dá para entender um pouco mais os acumuladores!

Enfim, não sou uma acumuladora patológica e tenho um olhar sobre essas coisas, por isso jamais perdi o controle sobre o que deve ficar em minha casa e em minha vida!