segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Minha bagunça particular

Esta manhã, pouco antes de acordar, tive um sonho bem interessante. Sonhei que estava procurando meus documentos pessoais e que minha casa estava tão bagunçada que não conseguia encontrá-los. Eu tinha uma caixa de papelão gigante com milhares de coisas para organizar e não sabia sequer se meus documentos estavam nela.
O problema desse sonho é que ele contém verdades incontestáveis (kkk), ainda que no sonho as coisas estivessem um pouco aumentadas. Eu realmente tenho uma caixa de papelão com um monte de coisas para arrumar, mas não tenho encontrado ânimo para isso. Não é uma caixa gigante, nem tem milhares de coisas, mas que ela existe, ah existe!
Outro fato, não sei mesmo onde estão meus documentos, se na gaveta do criado mudo, numa pasta no consultório ou em outro lugar que não sei ao certo. Se eu precisar do meu RG hoje, vou demorar, pelo menos uma hora para encontrá-lo.
É, os papéis são meu grande calcanhar de Aquiles.
Tenho tentado manter as coisas mais em ordem, a casa não está um primor de arrumação, mas está limpa e com a maioria das coisas organizadas. Ainda assim, preciso melhorar e muito!
Organização é um processo contínuo e difícil de manter, a não ser para quem nasceu com a dádiva de ser alguém mega organizado, em que isso seja algo muito natural. Para mim, confesso, sempre é algo que preciso exercitar e vigiar, para não me perder.
Eu sei que grande parte do meu problema é administrar mal meu tempo. Trabalho nisso há anos, mas ainda assim, as coisas escapam com frequência.
O meu sonho foi um lembrete do meu inconsciente. Preciso me organizar melhorar!!!!
Mas, pensando agora neste meu sonho, vejo que está para além de uma organização das coisas físicas... Eu explico:No sonho eu não conseguia encontrar meus documentos de identidade, em algum momento deitei na cama de uma outra pessoa, onde estava um bebê e foi aí que acordei. Não lembro algumas passagens do sonho, mas ao acordar percebi que a outra pessoa era eu mesma e o bebê era o meu filho, que dormia na minha cama.
Preciso reencontrar a minha identidade, me sinto perdida em meio a tantas obrigações, compromissos e tarefas que, muitas vezes, até esqueço da pessoa que sou.
Sei que uma parte da desorganização se deve mesmo à falta de organização do meu tempo, porque não dá pra usar o argumento "não tenho tempo", porque ninguém tem. Mas tem uma parte de tudo isso que diz respeito a outras questões da minha vida e aí vão elas:
- Morei sozinha durante bastante tempo e quando meu filho nasceu eu esperava contar com a presença do pai no dia a dia, com a ajuda nos cuidados e tudo aquilo que envolve uma organização de família, só que isso não aconteceu como planejado, cuidei de tudo sozinha desde o início, tive alguns momentos em que ele ficou mais perto, mas isso não é algo constante, por vários motivos que dizem respeito a nossa relação e principalmente à separação. Hoje, sou responsável por um menininho de quase 5 anos, todo o tempo. O pai é presente na vida dele, mas daquele jeito que tantas mães separadas sabem e vivem (pai que liga todo dia pra saber se foi tudo bem na escola, mesmo não sabendo que a mãe se descabelou na noite anterior, para organizar tudo, do uniforme à lição de casa; pai que pega a criança nos fins de semana a cada 15 dias- se der e não tiver um trabalho mega importante pra fazer; pai que tira uns dias de férias do nada, te avisa no dia, que precisa "parar tudo" e viaja, no final de semana que seria dele; pai que se acha o máximo por ficar com a criança sozinho no final de semana, mesmo quando isso signifique pegar no sábado a tarde e devolver no domingo antes das 18h, porque afinal ele precisa descansar para iniciar bem sua semana de trabalho). Pronto, desabafei!
- Até um ano atrás eu contava com a ajuda do pai no dia a dia, pelo menos para ir buscá-lo a noite na casa da avó e ficar com ele, por menos de 2 horas, até que eu chegasse do trabalho. Naquele tempo, eu podia comer alguma coisa e tomar um banho tranquila, antes de colocá-lo para dormir. Depois que ele se mudou de cidade, para ficar mais próximo do trabalho, eu perdi essa ajuda e tenho que me desdobrar para ir buscar meu filho depois do trabalho (por volta das 22h), chegando em casa cansada, com fome e tendo que cuidar ainda de uma criança que precisa dormir um pouco menos tarde. Muitas vezes durmo enquanto estou colocando ele para dormir e acordo de madrugada, sem sequer escovar os dentes.
- Fora essas questões familiares tem o fato de ter me tornado autônoma, quando ele tinha menos de 1 aninho, o que foi bom, porque reduzi o número de horas trabalhadas, mas me reorganizar para essa nova fase, com tudo acontecendo ao mesmo tempo, foi realmente uma tarefa difícil e sinto que ainda não me adaptei completamente. Por mais que seja ruim, uma rotina de empregada, com horário fixo é algo bem organizador também. A gente foi criada para esse tipo de rotina e quando a coisa muda, fica tudo meio confuso. Embora eu goste desse estilo de vida, ainda tenho dificuldade de me adaptar, dificuldade de entender que quando estou em casa, não estou de folga. Ainda preciso evoluir nisso.
- Uma outra coisa que me desorganiza é o fato de não ter alguém cuidando da casa e ter que dar conta disso sozinha. É certo que tenho mais tempo, mas como ficamos mais tempo em casa, o serviço doméstico aumenta muito, há sempre mais coisas para limpar, mais louça para lavar, mais bagunça para arrumar. Essa é uma equação que ainda preciso e não sei como resolver. Se chamo uma faxineira, fico mal por ter que pagar por algo que eu potencialmente poderia fazer, mas se não chamo, as coisas se acumulam. Acabo me estressando e muitas vezes desconto minha frustração no meu filho (tadinho), afinal sou humana e é difícil lidar com um rastro de farelos, minutos depois de ter limpado toda a sala. Sei que ele não tem culpa, eu é que preciso relaxar!
Essa é a minha realidade e preciso lidar com ela. Preciso acreditar que posso me encontrar no meio dessa bagunça que é viver.