Confesso que manter a casa (e a vida) organizada não é uma tarefa
fácil para mim.
Depois de muito refletir sobre os motivos disso ser tão difícil,
cheguei a algumas conclusões interessantes:
1. Eu, assim como boa parte da população, não fomos motivados para
nos tornarmos organizados;
2. Minha geração, particularmente, cresceu sob o peso da luta de
gêneros, porque a mulher da geração da minha mãe começou a sair de casa para
trabalhar e nossa geração cresceu sabendo que mulher tinha que se profissionalizar,
trabalhar fora, estudar, ter vida social e por aí vai. Eu me tornei uma
adolescente que sabia que tinha que ser mais, comecei a trabalhar cedo,
estudava a noite, como a maioria das meninas da periferia, na época. Desenvolvi
uma autonomia da qual me orgulho muito, aprendi a valorizar o esforço das
pessoas que saem todas as manhãs, tomam ônibus e metrô lotados, ficam 10, 12 e
até 14 horas fora de casa. Consegui me formar e hoje trabalho naquilo que
gosto. Comprei meu primeiro apartamento antes dos 25 anos (um luxo, na época!).
Nada errado com isso, muito pelo contrário, a não ser pelo fato de que criamos
uma certa aversão a atividades de "mulherzinha".
3. Além desses fatores sociais, tem a experiência de dentro de
casa, que faz toda a diferença. Eu venho de uma família com pouquíssimos
recursos financeiros (graças a Deus, isso mudou!). Tenho 4 irmãos e morávamos
em uma casa que mal cabia todo mundo. Minha mãe sempre deu um duro danado e
sempre se orgulhou do quanto nossa casa era limpa. Agora, imagina dar conta
disso, com 5 filhos?! Ela se tornou obsessiva por limpeza e só vivia para isso
e para o trabalho. Como não conseguíamos dar conta de suas expectativas de
"casa mais limpa da rua", vivia estressada e brigava por tudo.
Infelizmente, ainda é assim. Com isso desenvolvi uma raiva secreta (rs) de
limpar, arrumar, manter em ordem... que me acompanhou durante muitos anos.
Ainda hoje odeio lavar louças ou passar um dia inteiro cuidando da casa, mas já
consegui resolver muito disso em análise, sério! O fato é que algo que gera
muita tensão numa família, não é saudável para ninguém e acaba tendo efeito
contrário- em vez de me esforçar para fazer as coisas bem feitas, eu me esmerei
em fugir de casa o máximo que pudesse, para sair do estresse e das tarefas
domésticas em si.
Foi assim que cresci, não tenho como mudar meu passado, mas tenho
revisto meu modo de vida e tentado me adequar, sem muito fanatismo, a uma vida
mais organizada.
Nessa minha empreitada já tentei vários métodos, várias formas e
fiz várias descobertas do que funciona ou não para mim.
Digo para mim, porque aprendi que aquilo que serve para uma
pessoa, pode não servir para outra.
O fato é que não desenvolvi algumas características de pessoas
organizadas e com isso acabo sofrendo ainda hoje. Por exemplo, eu tenho uma
dificuldade enorme de colocar as coisas de volta no lugar, após usá-las. Sei
que esse é um hábito que faz tooooda a diferença, mas ainda não desenvolvi tal
habilidade. Outra coisa que faço muito é procrastinar. Estou há 6 meses dizendo
que preciso dar uma geral nos meus sapatos e só conseguir iniciar a organização
ontem.
Mas nem tudo está perdido! Já consegui reduzir muito as coisas
aqui em casa. É engraçado, né? Ter poucas coisas foi algo muito importante para
mim no passado, mas depois passei a comprar mais coisas e acabei tendo mais do
que o necessário. Não que eu tenha me tornado uma acumuladora, mas eu passei a
consumir mais do que devia e minha casa precisou passar por vários momentos de
destralhamento. É estranho como a gente não percebe muito como isso vai
acontecendo e quando se dá conta, tem um milhão de livros que não vai ler,
milhares de revistas, eletrodomésticos, roupas, brinquedo, sapatos, objetos
decorativos que não decoram mais nada e mais um monte de coisas sem sentido. Dá
para entender um pouco mais os acumuladores!
Enfim, não sou uma acumuladora patológica e tenho um olhar sobre
essas coisas, por isso jamais perdi o controle sobre o que deve ficar em minha
casa e em minha vida!
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