Minha rotina irá mudar, finalmente!
Desde que voltei da licença maternidade venho me
questionando sobre minha rotina de trabalho, de cuidados com meu filho, de
lazer... Enfim, estou passando por uma crise pessoal e profissional e tenho
pensado muito em como mudar tudo isso.
Estou trabalhando em um local que já não significa muito pra
mim, além disso, tanto eu quanto meu
filhote temos adoecido com tudo isso.
A rotina que tenho hoje é mais ou menos assim:
Saio de casa antes das 8h, deixo meu filho na casa da vovó,
vou para o hospital. Entro as 8h30.
Às segundas e quartas, saio do hospital às 14h45, vou para o
consultório, trabalho até às 20 (na segunda) e 21 horas (na quarta); volto para
casa, já exausta! O pai do meu filho vai busca-lo e fica com ele até eu chegar.
Quando chego, coloco roupa na máquina, recolho roupa do varal, lavo a louça,
faço um lanche, tudo isso em menos de 30 minutos. Depois brinco com o filhote
por no máximo meia hora e ele dorme.
Às terças e quintas não trabalho no consultório, mas saio do
hospital às 19h30, vou buscar o filhote, acabo comendo algo na casa da minha
mãe, chego em casa, repito o ritual diário de cuidar da louça, faço a comidinha
dele e congelo para alguns dias. Brinco um pouquinho com ele e depois que ele
dorme, tento descansar um pouquinho antes de ir dormir, por volta das 23h30.
Na sexta é meu dia mais normal, porque saio do hospital às
17h30, vou busca-lo, fico com ele até tarde, sem me preocupar com a casa, já
que minha (santa!) faxineira vai às quintas.
No sábado trabalho no período da manhã e quando volto para
casa com ele já é no final da tarde. Só aí tenho tempo para cuidar de fato
dele: brincamos, assistimos aos desenhos que ele gosta, vejo o jornal enquanto
ele brinca no chão e faço algo para jantar. Depois que ele dorme, tento
assistir a um filme.
No domingo minha rotina é toda dedicada a ele, brinco,
passeio, almoçamos na casa da vovó e voltamos pra casa à noite, quando é hora de
organizar as roupinhas, as papinhas e minha rotina para a semana seguinte.
Quando tenho um “buraco” na agenda, consigo fazer a unha,
senão, dou uma arrumadinha durante o horário de trabalho mesmo (ou na hora do
almoço). Tenho tentado manter um mínimo de vida social, mas é quase impossível.
Só de escrever tudo isso, já me sinto angustiada!
Percebo que meu tempo com meu filho não tem a qualidade que
eu gostaria que tivesse. Não consigo acompanhar a rotina dele, não consigo dar
banho, alimentar etc. Apesar de ele estar muito bem cuidado pela minha mãe,
sinto falta dessa rotina, sinto falta de tempo e falta de qualidade no meu
tempo com ele. Sinto que estou perdendo um tempo precioso, não acompanho o
desenvolvimento dele como eu gostaria e isso me entristece muito.
Hoje consigo ter uma vida financeira mais tranquila, mas me
falta tempo até mesmo para conseguir gastar o dinheiro que ganho trabalhando
tanto.
Resultado? Estou adoecendo. Minha produtividade caiu muito,
já não consigo me dedicar tanto ao trabalho e minha desmotivação beira a
depressão. Estou no limite do meu stress.
São quase 4 meses vivendo assim e hoje, resolvi dar um
basta! Pedi demissão!!!!
Se eu fosse pensar racionalmente talvez não o faria:
Trabalho em uma mesma instituição há quase 20 anos, tenho uma certa
estabilidade, o consultório ainda é instável, apesar de estar crescendo, não
terei férias, 13º salário, salário fixo no final do mês e tudo o mais de
segurança que um emprego de carteira assinada nos proporciona.
Mas, e daí? Perco bastante coisa, financeiramente as coisas
terão que ser realocadas, mas tudo isso que estou fazendo é para ter um mínimo
de qualidade de vida e poder viver a maternidade de maneira mais feliz. Vou ter
que cortar gastos, rearranjar meus financiamentos, como já contei antes, mas
terei tempo de dormir, de brincar, de cuidar e de me cuidar também. Terei tempo
de viver, e isso está me fazendo muita falta.
Enfim, sei que terei momentos de muita angústia,
principalmente ao lidar com a instabilidade e a falta de grana, mas sei que
terei tempo de me preparar para retornar ao mercado de trabalho de maneira mais
saudável. Minhas possibilidades não estão esgotadas!
Além disso não estou parando de trabalhar, apenas reduzindo.
Continuo com meu consultório e aposto que há possibilidades dele crescer (o que
hoje é impossível).
Agora preciso estabelecer novas prioridades financeiras, já
que não consegui juntar o montante que havia me proposto, ainda tenho o
financiamento do apartamento e do carro. Estou otimista (apesar do medo). Quero
me lançar em novos desafios, quero poder passear na pracinha com o filhote,
fazer uma caminhada pelo menos 3 vezes por semana, quero cozinhar pra ele mais
vezes por semana, quero cuidar da minha casa, da minha aparência (que com tudo
isso anda muito descuidada), quero voltar a ouvir música e ver pelo menos um
filme por semana, quero ver o por do sol, sentada na lanchonete da esquina,
pelo menos uma vez por semana, quero ter tempo de receber minhas amigas em
casa, nem que seja para uma simples xícara de chá e um papo gostoso. Quero ter
tempo de ver o sol, coisa que há muito tempo não vejo. Quero ser feliz! O que
mais eu posso querer?
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