Estou tentando entender as
mudanças na minha vida profissional e financeira. Me pergunto qual é o meu
limite, até onde o fluxo das coisas depende de mim e o que depende da vida
apenas, ou de outros.
Como já postei há alguns dias, estou
vivendo um período delicado no trabalho; No momento ainda estou de licença, mas
quando voltar, há uma grande chance de ser demitida. Comecei a me preparar para
essa saída, há cerca de um ano, quando comecei a adoecer. Apesar de iniciar
esse “preparo”, ainda não pretendia sair agora, já que meu projeto era de, no
mínimo, mais dois anos.
Enfim, pensei muito e decidi
parar de sofrer com isso. A resposta para meu questionamento eu já tenho: o meu
limite é esse, me preparar para o que vier. Preciso desse emprego ainda, mas
não há muito o que fazer. Cabe a outros a decisão.
Com essa certeza agora, preciso
me reorganizar e reaprender a viver com menos, pelo menos por um período.
Assisti ao Globo Repórter na
última sexta (e finalmente não falava de dieta, nem de bichos da Amazônia). A pauta
era “Pessoas que conseguiram poupar, mesmo ganhando pouco”.
Achei interessante ver a relação
que as pessoas estabelecem com o dinheiro.
Elas construíram um patrimônio
incompatível com seus ganhos (de maneira lícita, claro!); Aprenderam a poupar, criaram
estratégias para economizar e conseguiram realizar seus projetos.
Cheguei a algumas conclusões:
- Pessoas que conseguem ter uma reserva de dinheiro, parecem mais leves, do que os endividados (ou que vivem no limite); Acredito que a segurança de ter uma reserva faz com que não se preocupem tanto com o futuro e não vivam preocupadas com as contas e a falta de dinheiro.
- Essas pessoas traçaram um plano e o seguiram rigorosamente, durante muitos anos.
- Com uma renda baixa, a economia se deu em algumas coisas que, para nós da classe média, parece impossível. Ou seja, consideram supérfluo o que consideramos básico.
- Todos os membros da família partilham da idéia de economizar e poupar. Isso é bem legal, porque se é um projeto para o futuro da família, todos tem responsabilidades para com ele.
Há algumas considerações a fazer :
- Acredito que viver com o mínimo pode até ser uma filosofia de vida, mas isso não serve para todas as pessoas.
- É preciso ter cuidado com excessos. Um amigo me deu um exemplo interessante: Um colega de faculdade conseguiu poupar um montante incompatível com seu salário, em início de carreira. Esse meu amigo conta que um dia saíram para tomar cerveja e o cara bebia devagar para não pedir a próxima! Fala sério! Isso já é até pecado!!! Eu mesma tive uma colega que só saía com a turma se alguém a convidasse, já dizendo que pagaria sua parte na conta. Ela guardava mais de 50% do seu salário. Para mim, é difícil abrir mão de sair para beber com os amigos, por exemplo. Então, o que tenho feito é restringir essas saídas a apenas uma vez por semana (já cheguei a sair 5 vezes por semana!). Sei que preciso abrir mão de algumas coisas neste momento, mas não conseguiria viver como as pessoas da reportagem, que passaram 40 anos vivendo como monges, para só usufruir na aposentadoria. Daí eu pergunto, e se morro antes disso (hahaha)?
- A história do supérfluo x básico também requer questionamento: O que é básico para mim? O que dá para abrir mão? Dá para viver bem só com o básico? Considero básico ter casa própria (herança genética de mãe!), então vou lutar para manter meu projeto de quitar o apartamento. Ter um carro, para quem trabalha em dois lugares é básico, mas para quem está para perder um emprego, aí sim, é supérfluo. Estou exercitando o desapego em cada item dos meus gastos (telefone, Internet, restaurantes/bares, supermercado, gasolina, roupas etc).
O que acabou me deixando mais
tranqüila foi perceber que Deus nunca me deixou na mão. Há uns dois anos atrás
seria desastroso perder o emprego, porque eu tinha uma dívida enorme e apenas
um emprego. Hoje estou mais preparada para essa mudança e vou recebê-la como
oportunidade de reconstruir.
É lógico que ainda tenho
esperanças de que minha previsão não se concretize, e eu possa ter mais tempo
para me organizar, mas se acontecer, confio na minha capacidade de dar a volta
por cima.
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